sábado, 5 de fevereiro de 2011

O que a razão humana não pode alcançar

    
     Aquela era para ser uma noite como outra qualquer, mas não foi. A paisagem clichê não diminuiu a beleza e o sentimento de um perante o outro.     
    A cidade preparada para adormecer emanava ruídos e algum tipo de silêncio... quando a quietude se fazia ouvir, a moça escutava seus próprios sons, o coração batia um pouco mais rápido, a respiração agitada. E assim como uma flor desabrochando, ela começou a ouvir seus sentimentos; o estômago e os intestinos se contorciam dentro do oco de sua barriga.
    Os pensamentos a guiaram ao destino final; algumas pessoas estranhas num lugar estranho. As cenas decorridas a partir de sua chegada tornaram-se cada vez mais lentas; talvez fosse a dissonância entre a vagarosa velocidade de seu cérebro e o furor de seu corpo. Aquele ambiente sórdido e concomitantemente esplendoroso tocava uma música... ou porventura fosse algum filme antigo num canal perdido; não importava, as mentes presentes estavam longe.           
    As horas passaram tão rapidamente que somente os relógios registraram o tempo decorrido. Ele sorria admirado. Ela estava absorta. Os dois saíram dali e caminharam na escuridão sob árvores amarelas e entre esquinas tortuosas... talvez caminharam até o infinito. 


Mariana Sacconi